Spike lee divulga seu mais novo projeto

O cineasta Spike Lee levou seu filho Jackson a Roma, na Ítália, onde divulgou a produção de seu novo filme, com título provisório de O Milagre de Santa Ana, na manhã desta terça-feira (03/07/2007).

O filme será baseado na história real dos soldados afro-americanos que combateram na Itália contra o nazismo e o facismo durante a Segunda Guerra Mundial. Baseado no romance de James McBride, que também estava presente no encontro com a imprensa, o filme será rodado na Toscana, onde os soldados americanos se viram presos nas montanhas, atrás da linhas inimigas, convivendo com moradores locais que nunca antes tinham visto pessoas negras.

A intenção de Spike Lee é dar voz a soldados negros norte-americanos, pertencentes à 92ª Divisão Buffalo Soldiers, conforme informou a agência Ansa. Ele comentou:

"Muito poucos filmes de Hollywood tratam de soldados negros. Se você pensar em Hollywood e na 2ª Guerra Mundial, pensará em John Wayne, o grande homem branco que salvou o mundo. Isso é um mito."

Mesmo A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima, os dois filmes de Clint Eastwood sobre a sangrenta batalha de Iwo Jima, em 1945, deixaram de reconhecer o papel dos soldados negros, disse Lee.

"Muitos veteranos negros que lutaram em Iwo Jima se magoaram pelo fato de não haver representação deles nesses dois filmes."

Questões raciais são um dos temas favoritos de Spike Lee, diretor de Malcolm X, Faça a Coisa Certa e um documentário aclamado de 2006 sobre a devastação causada pelo furacão Katrina em Nova Orleans.

Para ele, a contribuição feita pelas tropas negras ao esforço de guerra dos EUA contra os nazistas foi ainda mais notável pelo fato de que, em seu país, esses soldados enfrentavam discriminação racial.

"Sempre temos esse paradoxo dos soldados afro-americanos, dos negros que sentem que precisam defender seu país, que precisam lutar pela democracia, mas, ao mesmo tempo, são vistos como cidadãos de segunda classe."

O escritor James Macbridge explicou que sentiu curiosidade pelo que tinha ocorrido durante a guerra. Durante seis meses, ele fez pesquisas nos povoados da região, onde recolheu material para escrever o livro.

"Incomoda-me que o mundo não tenha prestado atenção no sofrimento dos soldados negros que combateram na Segunda Guerra Mundial. [Eles] eram mais bem tratados na Itália que em seu próprio país."

Na apresentação do projeto, também esteve presente William Perry, um soldado que pertenceu ao regimento citado acima quando tinha 19 anos. Ele afirmou que "os autênticos heróis da guerra são os que hoje estão sepultados" e lembrou que, dos 15 mil homens que combateram, três mil morreram.

A produção conta com um orçamento de US$ 45 milhões. O valor será dividido entre a produtora de Spike Lee e a produtora italiana On My Own.